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Mais de 125 procedimentos cirúrgicos de transplante de córnea são realizados no Tocantins

Com pouco mais de dois anos de implantação do Banco de Olhos do Tocantins (BOTO), localizado no Hospital Geral de Palmas (HGP), já foram realizados 128 transplantes de córnea. O local é responsável pela captação e pela preservação de tecidos oculares para serem transplantados em pacientes na lista de espera da central de transplantes que atende à demanda do Estado e do País.

Desde a sua implantação, no final do ano de 2016, até março deste ano, dos transplantes de córnea realizados no Tocantins, 73,08% foram captados dentro do Estado, e os demais recebidos de outras localidades do país. Segundo informações da Central de Transplantes do Tocantins (CTTO), foram realizados 47 transplantes de córnea no ano de 2018; e 13 nestes três primeiros meses de 2019.

Atualmente, 61 pessoas ainda estão na lista de espera para receber o transplante de córnea, que só pode ser doada após o óbito de um potencial doador, considerado aquele que tenha entre 2 e 80 anos e não possua um histórico médico com contraindicações impeditivas.

O transplante de córnea é um procedimento cirúrgico que é realizado em centro cirúrgico e não necessita de internação do paciente. A cirurgia consiste em substituição de uma córnea doente ou opaca por outra sadia, com intuito de melhorar a visão do paciente ou mesmo corrigir defeitos oculares que ponham em risco a sua anatomia ou a função do seu olho.

Segundo Núbia Maia, oftalmologista e responsável técnica do Banco do Olhos, “em 2018, após análise de potenciais doadores no HGP e conversas com os familiares, o Banco de Olhos conseguiu o consentimento para a doação em 32,35% das famílias abordadas, que está abaixo da média nacional, mas dentro da média da Região Norte. No ano de 2019, até o momento, o consentimento para doação chegou  a 51,85%, que já é uma porcentagem satisfatória e compatível com a média nacional estipulada em 55%, mas que pode ser melhorada inclusive com o diálogo em casa, expressando, aos familiares, o seu desejo de ser um doador, pois no momento da morte é a família, necessariamente na ordem de primeiro e segundo grau, que detém o poder de decisão”, explicou.

A captação deve ser realizada em, no máximo, 6 horas após o óbito, o que necessita de uma logística ágil para que todo o procedimento, entre a identificação do potencial doador, a abordagem familiar e a captação das córneas, ocorra dentro do prazo.

Com um prazo muito curto de 6 horas, entre o óbito e a captação do globo ocular, e levando em consideração a sensibilidade do material coletado, os profissionais possuem somente 12 horas para a preservação da córnea, que é liberada em um ou dois dias para a distribuição, que é feita exclusivamente pela central de transplantes.

A doação passa por uma avaliação, por meio de exames de sorologia, que permitem o diagnosticar e identificar anticorpos e antígenos, para certificar e avaliar a qualidade do tecido e garantir o êxito do transplante. A córnea tem até 14 dias para ser transplantada. Quanto antes ocorrer o procedimento cirúrgico, melhor será o prognóstico do receptor.

Como ser um doador

A legislação brasileira, por meio da Lei nº 9.434/1997, é bem específica sobre a doação de órgãos. No caso da doação das córneas que ocorre somente após o óbito, cabe aos familiares do paciente, autorizar ou não o procedimento. Portanto, se o paciente deseja ser um potencial doador, é necessário que manifeste em vida o seu desejo para que sua família o respeite após a morte.

Podem ser doadores pacientes entre 2 a 80 anos que não apresentem histórico de infecção generalizada, hepatite B e/ou C, HIV (Aids), linfomas ativos e leucemias, dentre outros critérios estabelecidos por regulamentação.

Com serviço de captação 24 horas no HGP, o Banco de Olhos também atende hospitais particulares quando acionado, podendo ser contactado por meio dos telefones (63) 3218-1061 e 99208-9392.

Dúvidas e informações também podem ser esclarecidas pelo e-mail: boto@saude.to.gov.br e pela rede social www.facebook.com/bancodeolhosdotocantins.

Fluxo para transplante de córnea no SUS

Para entrar na lista de espera do transplante, o cidadão deverá ser avaliado por um oftalmologista, vinculado ao Sistema único de Saúde (SUS) ou da rede privada que emite um laudo indicando a necessidade da realização do transplante. Em seguida, o paciente entra em contato com a Secretaria de Saúde do Município de origem com o laudo médico, documentos pessoais, comprovante de endereço e cartão do SUS.

Após esse acionamento, a central de regulação do município realiza o agendamento do paciente no Ambulatório de Transplante de Córnea no HGP para confirmar a necessidade do procedimento e a possibilidade de realização do mesmo no Estado. O médico oftalmologista da equipe de transplante inscreve o paciente no Sistema informatizado de Gerenciamento do Sistema Nacional de Transplantes (SIG-SNT). O paciente recebe o comprovante da inscrição com o Registro Geral da Central de Transplantes (RGCT), que contém informações necessárias para a consulta de sua posição na lista, disponível no endereço https://snt.saude.gov.br.

A Central de Transplantes do Tocantins (Cetto) faz o gerenciamento da lista e informa, à equipe transplantadora, da disponibilidade do tecido (córnea) e o nome do próximo receptor em espera. Ficam a cargo da Cetto todas as operações logísticas necessárias para que o tecido chegue à equipe que realizará o procedimento cirúrgico.

Com o sucesso do procedimento, o paciente recebe o devido acompanhamento no Ambulatório de Transplantes de Córnea, conforme agendamento realizado pela própria equipe transplantadora.