ESTADO

Justiça determina retirada de agricultores familiares impactados por Usina Hidrelétrica

Agricultores familiares de uma área denominada Ilha Verde, que fica na zona rural do município de Babaçulândia estão preocupados com a decisão da Justiça que autoriza a reintegração de posse da área. O local fica a cerca de 12 km de Babaçulândia. Após a construção da Usina Hidrelétrica de Estreito, um enorme lago foi formado na divisa do Tocantins com o Maranhão. Em 2012, 35 famílias ocuparam a área para a agricultura familiar.

Depois que as famílias ocuparam a área, o CESTE (Consórcio Estreito de Energia) entrou na justiça para a retira dos moradores, alegando que a área é de proteção ambiental.

No dia 19 de fevereiro, o juiz da comarca de Filadélfia, Luatom Bezerra Adelino de Lima, decidiu pela reintegração de posse.

“E para tanto, expeça-se mandado de reintegração de posse, com desfazimento de construções e remoção de pertences, animais e pessoas, com auxílio da Polícia Militar, a ser acompanhado por engenheiro agrônomo das autores que indicarão precisamente o perímetro da área ambiental que se tutelada. Fica autorizado o oficial de justiça e os policiais militares a ingressarem nos barracos, mesmo que desocupados, removendo os pertences lá encontrados para local indicado pelas autores, às suas expensas, os quais poderão ser levados pelos interessados durante ou após a diligência. Posseiros encontrados em área diversa da adquirida pelos autores não deverão sofrer qualquer tipo de conduta desapropriatória, devendo lá permanecerem até que se ultime a fase instrutória desta demanda”, afirma a decisão.

O Juiz determinou também uma multa diária de R$ 5 mil, limitada trinta dias de descumprimento, àqueles que resistirem à desocupação judicial.

Os moradores produzem vários alimentos, como hortaliças, mandioca, verduras, peixes, entre outros. Toda essa produção é vendida na feira de Babaçulândia.

Chirlene Alves dos Santos, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), relata o drama da comunidade.

“Já está com duas vezes que eles fazem assim. A primeira vez tirou nossa casa, não deu nada. E agora, de novo. A gente está tentando procurar nossos direitos, para eles reconhecerem a gente e deixar com um pedaço de terra para trabalhar e tirar nosso sustento, para poder colocar comida na mesa. A nossa comunidade abastece Babaçulândia com os produtos e depois desse tempo todo o CESTE vem querer tirar a gente daqui sem nos dar nenhum direito”, reclamou.

Os agricultores tem até o dia 6 de março para se manifestarem da decisão da justiça.

A nossa reportagem aguarda uma resposta do CESTE.